Um dia para dizer Ditadura Nunca Mais!

Afonso Fraiz presta depoimento para Comissão Municipal da Verdade. No episódio, Fraiz assumiu que prendeu militantes políticos no contexto da Operação Barriga Verde, em 1975

Afonso Fraiz presta depoimento para Comissão Municipal da Verdade. No episódio, Fraiz assumiu que prendeu militantes políticos no contexto da Operação Barriga Verde, em 1975.

A luta contra a ditadura civil-militar (1964-1985) nunca deixou de acontecer, mesmo nos anos da ditadura. No final da década de 1970 até o momento, coletivos e movimentos sociais reivindicam o direito à memória, à verdade e à justiça. No momento, pouco o Estado brasileiro realizou para fazer justiça punindo quem realizou o golpe de 1964 e as violações de direitos humanos.

Em Santa Catarina, resultado da pressão popular organizada em torno do tema, o dia 1º de abril foi decretado como Dia Estadual do Direito à Memória e à Verdade, como consta na Lei Nº 16.549, assinada pelo governador Raimundo Colombo. A luta organizada arrancou do governador Colombo um dia para lembrar os homens e as mulheres que combateram os tempos sombrios para milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

Ao contrário do tom irônico que a escolha da data foi abordada pela crônica política catarinense, o 1º de Abril visa combater a perspectiva que o Estado brasileiro escamoteia. A Lei do Dia da memória e verdade abre espaço para inserir no âmbito escolar os seguintes pontos da história;

A) A ditadura como resultado de um golpe articulada por setores civis e militares para atender as demandas da classe dominante.

B) A ditadura realizou diferentes métodos de torturas, sequestros e violações de direitos humanos contra a humanidade.

C) Em Santa Catarina a repressão também aconteceu, inclusive com setores civis catarinenses beneficiados com agentes, assim como o povo catarinense resistiu aos tempos sombrios.

D) É possível debater as permanências da ditadura no período democrático, como a repressão ao movimento sindical, estudantil e social, assim como as violações realizadas pela Polícia Militar de Santa Cabe à equipe pedagógica nas Escolas, assim como a Secretária da Educação de Santa Catarina, fornecer preparação para educadores e educadoras para atuar com o tema. Os direitos humanos são os norteadores para o trabalhar o tema. Neste sentido, os projetos e aulas deverão refletir e agir em defesa de toda vida humana, independente da fé religiosa, orientação ideológica, nacionalidade, sexualidade no intuito claro de combater as opressões.

O Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, entidade fundada no combate a Ditadura Civil-Militar, está disposta a dialogar com educadores e educadoras sobre o tema, cobrar do Estado a formação, estimular os sindicatos e as entidades do movimento estudantil para pensar e agir em torno da memória e da verdade, tendo como norte arrancar a justiça com a punição dos violadores de direitos humanos nos 21 anos de ditadura civil-militar.

Como escreveu Malatesta, “Ao trabalho, companheiros! A tarefa é grande. Ao trabalho todos!

Maikon Jean Duarte é professor de História e diretor do Colegiado do Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz.

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