O Ecumenismo é um movimento que se esforça em prol do diálogo entre as denominações cristãs. Iniciou com a expansão colonial dos povos protestantes. A palavra ecumenismo vem do grego “oikumene” que significa: o mundo habitado por todos.

Dentro desta caminhada de diálogo, a SOUC é um estímulo a todas as pessoas a expressarem um grau de comunhão que algumas igrejas já atingiram e a orarem juntas por uma unidade mais plena, que é o desejo do próprio Cristo. Deve ser preparada de maneira participativa e inclusiva e todos devem se sentir participantes da organização. Dar atenção especial a sensibilidade das igrejas envolvidas , refletir e dialogar.

Trabalhar a questão ecumênica é sempre um desafio. O movimento ecumênico se enraíza na luta por Direitos Humanos e acontece à margem da igreja, no entanto, é urgente e necessário por questões espirituais, sociais e políticas apelar para que as igrejas assumam este compromisso e que promovam relações orgânicas entre as denominações. É preciso dar testemunho de aceitação do outro.

O discurso de intolerância religiosa é evidente quando se observa a PEC 171/1994 sobre a Redução da Maioridade Penal com o texto embasado em três personagens bíblicos: Salomão, Davi e o profeta Ezequiel. “A uma certa altura, no Velho Testamento, o profeta Ezequiel nos dá a perfeita dimensão do que seja a responsabilidade pessoal: Não se cogita nem sequer de idade: ‘A alma que pecar, essa morrerá”. Uma leitura fundamentalista, sem reflexão e contextualização do Antigo Testamento, covardemente usada para massacrar ainda mais os jovens principalmente pobres e marginalizados.

O Evangelho transcende tudo isso quando Cristo nos fala do amor, da compaixão, da justiça e fraternidade. Nos convida incessantemente a nos colocarmos no lugar do outro de tal forma a sentirmos na pele a dor de quem necessita, assim, no texto da Samaritana ele sentiu sede e pediu água. E a pergunta importante ser feita é: Sede de que?

Percebemos um discurso de ódio contra as minorias, que vertem de muitas instituições religiosas. Dentro de uma perspectiva de fé, vivida num ambiente público, não se pode permitir que alguns grupos falem em nome de todos os cristãos. Nosso Estado é laico e de cooperação entre Igreja e Estado. A SOUC 2015 aponta os Direitos Humanos como critério e que nem uma, nem outra denominação pode reivindicar sua pregação ou doutrina como direito absoluto.

Embasados no texto bíblico da Samaritana é possível perceber que Deus nos sonhou plural. O encontro de Jesus e a mulher foi cheio de significados:

Jesus era homem e judeu. A samaritana, mulher, que de acordo com estudos não poderia estar no poço naquela hora. Mulher e samaritana. Judeus e Samaritanos não se davam. Jesus resolveu passar pela Samaria, será que Ele não tinha caminhos alternativos? A Samaria era um lugar que ninguém queria saber, lugar de conflitos.

Não podemos negar conflitos, porque a negação aumenta a intolerância, devemos falar deles para que possamos crescer. A conversa de Jesus e a Samaritana traz um forte debate teológico, o poço era um lugar de encontros e de conflitos e resgata um Jesus humano que pede um pouco de água para beber e se coloca a mercê da Samaritana.

Depois Jesus ficou entre os samaritanos não para convertê-los, apenas para conviver, ou seja, ficar com o diferente sem querer que ele seja igual. Quando não se faz este exercício se estabelece uma relação de poder, ver apenas aquilo que agrada. Para isso, Jesus poderia ter sido conivente com os Fariseus ou com os Romanos e não teria morrido na cruz.

O outro não é uma ameaça, como pode o maior país cristão do mundo ser tão frágil na compaixão? É preciso denunciar o pecado que leva a injustiça e identificá-las, dar testemunho da gratuidade do amor de Deus que acolheu todas as pessoas.

Confira as fotos do seminário de preparação para a SOUC , em Joinville:

Reflexão embasada no texto base da Semana de Oração Pela Unidade Cristã 2015.