Rose Marie Muraro e a luta contra a violência de gênero

Rose Marie Muraro

Rose Marie Muraro

Nascida em 11 de novembro de 1930, Rose Marie Muraro surgiu para marcar a história feminista brasileira, sendo pioneira do movimento no país. Deficiente visual de nascença possuía uma personalidade única tornando-a uma reconhecida intelectual contemporânea. Com mais de 40 obras publicadas e editora de outros 1600 títulos com temas polêmicos, contestadores e inovadores dos valores sociais modernos.

Uma mulher forte e de palavras marcantes que refletiam as relações humanas cotidianas como o casamento, por exemplo, onde destacava o desencadeamento do ser dominado e dominante a partir das convenções dos laços matrimoniais. Mostrava de forma clara como a mulher era vista como inofensiva e de fácil manipulação por conta de seus afazeres e atividades relacionada à maternidade. “Já nos anos 60 eu dizia: eu também quero botar fogo no mundo, então eu fui por fogo no mundo, eu fui ser editora, porque eu descobri que eram os livros que punham fogo no mundo”, relatou Rose Marie em uma entrevista concedida para o documentário “Memórias de uma mulher impossível”.

Repassava sua experiência de liberdade sendo dona do seu corpo e dona da sua mente denominava-se uma mulher orgástica e sábia ao mesmo tempo. Na década de 90, Muraro desafiou os próprios limites quando, aos 66 anos, recuperou a visão com uma cirurgia e viu seu rosto pela primeira vez e afirmou: “Sei hoje que sou uma mulher muito bonita”.

rose marie

Suas interferências no universo feminino traziam temáticas profundas como: “os dois grandes resultados da sociedade de consumo são a entrada da mulher no mercado mundial de trabalho -uma vez que o sistema fez mais máquinas do que machos- e a destruição dos recursos naturais -porque os retirou da natureza num ritmo mais acelerado do que capacidade de reposição dela”.

Ao morrer, a feminista deixou cinco filhos, doze netos e quatro bisnetos, frutos de um casamento de vinte e três anos. Deixou também como herança cultural o Instituto Cultural Rose Marie Muraro (ICRM), que foi criado em 2009 e tem como objetivo de salvaguardar o acervo da intelectual, de mais de quatro mil publicações.

Muraro morreu aos 83 anos de câncer na medula óssea, doença que a acometia há dez anos, e teve seu corpo cremado no Cemitério do Caju. Ela teve complicações após um tratamento de quimioterapia.

Assista ao vídeo: Memórias de uma mulher impossível

Agenda

agenda

Facebook