Quem a HomoLesboTransfobia MATOU Hoje?
Na segunda etapa da Escola de Formação Popular em Direitos Humanos (EFPDH) que aconteceu no último sábado (12), no Centro dos Direitos Humanos de Joinville (CDH), o psicólogo Ematuir Teles de Sousa, mestrando do programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abordou o tema: Homofobia na Escola. Ele explica inicialmente o conjunto de vozes que vai existir em sua fala, seja na profissão, na área da pesquisa ou na militância dos movimentos Transsexuais, Transgêneros, Gays, Lésbicas, Bissexuais (TTLGB) e feministas, assim, titula sua fala como: Gênero (s) e Sexualidade (s) Homo/Lesbo/Transfobia na Escola.
O tema para a EFPDH deste ano foi pensado a partir do planejamento anual do CDH realizado com diversos movimentos e entidades, além da presença de vários profissionais da educação que indicaram dificuldades para lidar com questões de gênero em sala de aula.
Fatores que reforçam trabalhar a Homofobia na Escola foram trazidos pelo palestrante. A constatação de dados que precisam ser trabalhados com urgência uma vez que o Brasil é o país em que mais houve assassinatos de travestis e transexuais no mundo no período de 01 de Janeiro de 2008 a 31 de março de 2014, totalizando 602 mortes, 39,89% de um total de 1509. De acordo Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a expectativa de vida de uma travesti no Brasil é de 35 anos, enquanto o restante da população é de no geral, 75 anos.
Inicia provocando os presentes com um ato e pede para que os participantes falem de seus sentimentos e sensações enquanto ele tem em mãos um espelho e se maquia com um batom. As reações expostas foram muitas desde uma jovem se questionando o por que ela mesma usa maquiagem, por que usa o batom, se é por convenção social ou se realmente gosta. Uns acham estranho, outros acham diferente ou incômodo por nunca terem presenciado um homem se maquiando. Ele explana sobre um corpo fazendo uso de um símbolo e conceitos criados por determinados saberes que vieram antes e que já predefinem o ser humano. Questiona de onde partem esses discursos de regras. “Um corpo que ao nascer com determinadas característica biológicas já é demarcado com um conjunto de símbolos e significados que tem que pertencer a determinado ‘gênero’ que na nossa sociedade é binário masculino e feminino”, explica.
Ematuir problematiza gênero, diversidade, orientação sexual e sexualidades. Aprofunda os conceitos a partir da medicina, concepção religiosa moral e histórica/crítica e as construções culturais produzidas por estas óticas. Relembra os espaços “generificados” dentro do ambiente escolar como os brinquedos destinados para a menina e para o menino.
Apresenta para análise vídeos com conteúdos ambíguos que abordam algumas características homem/mulher e como os elementos aparecem nas relações humanas como o homem tem que ser forte e viril. O comercial do desodorante “Old Spice” foi um dos exemplos trazidos pelo Psicólogo. A primeira frase é “Vocês são os sobreviventes de uma espécie em extinção, o homem, homem”. A violência de gênero parte da linguagem, dos discursos e símbolos pré-estabelecidos.
Dentro da escola a falta de conhecimento e dificuldades de professoras/es em desenvolverem o tema de gênero, torna-se mais difícil o desempenho e a difusão quanto ao fim das violências e discriminações vivenciadas no cotidiano das escolas. O palestrante observa neste sentido que educador/a pode buscar recursos embasados em Leis, Constituição Federal Brasileira, Programa Nacional de Direitos Humanos, Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, Programa Brasil sem Homofobia Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. “Não é porque não está no Plano Municipal de Educação a discussão de gênero que o professor não pode discutir gênero em sala de aula”, enfatiza Ematuir. Caso algum professor seja intimidado por discutir questões de gênero em sala de aula pode denunciar ao Ministério da educação pelo 0800-616161 ou pelo e-mail secadi@mec.gov.br.
Material de estudo do encontro:
https://homofobiamata.wordpress.com/