Quando o assunto é Mídia e Direitos Humanos
Os questionamentos relacionados à mídia são cada vez mais efervescentes e a apontam como responsável por grande parte da violação de Direitos Humanos. Na maioria dos debates, palestras, conferências e encontros relacionados a lutas por direitos fica mais evidente que a comunicação social não cumpre o seu papel de informar e formar com imparcialidade. A mídia se mostra como mais um direito humano a ser reivindicado que possui a capacidade política de formar e ressaltar valores, difundir ideias e influenciar culturalmente. A comunicação deve desempenhar, denunciar e evidenciar fontes causadoras de violações de Direitos Humanos.
As constatações feitas pelo Centro dos Direitos Humanos de Joinville Maria da Graça Bráz, tanto na saúde pública, educação, violência de gênero, quanto nas minorias como população em situação de rua, pessoas privadas de liberdade e egressas do sistema prisional e tantos outros setores onde existem violações de direitos, apontam a preocupação urgente de que a massa não percebe a máscara que envolve a mídia vendida ao mercado capitalista e que transforma informação em moeda de troca. Impossível, nos espaços populares de discussões, não ouvir sobre o monopólio da comunicação no sul do Brasil e mais fortemente citado o grupo RBS.
No entanto, as pessoas que discutem a deficiência da mídia na luta por Direitos Humanos dentro dos grupos de debates, formação e organização, não têm como campo de conhecimento a Comunicação e percebe-se também que são mínimas as participações dos profissionais desta área que se preocupam ou se disponibilizam em participar desses debates. O apelo é que profissionais da área da Comunicação que discordam deste modelo agressivo de mídia assumam a responsabilidade de lutar contra os monopólios e estabeleçam e busquem formas de transformação.
Para os movimentos de defesa dos direitos inerentes a toda pessoa humana, a mídia é citada como a principal inimiga com poder e voz para impregnar a sociedade com atitudes preconceituosas, impulsionando-a ao consumismo desenfreado e como ferramenta de alienação política. Torna-se essa preocupação uma violência real de Direitos Humanos que exigem uma resposta.
Para a “direita” não interessa mecanismos de participação popular e a mídia tem-se tornado a principal ferramenta de alienação. O que interlocutores da área da comunicação que defendem uma mídia transformadora e libertadora podem fazer para mudar esta configuração, sabendo que este é um debate necessário e urgente? Quantos programas nas emissoras de televisão debatem, com profundidade e de modo permanente, temáticas relativas aos direitos humanos? Quantas campanhas educativas nas emissoras de rádio incentivam mudanças de comportamento e cultura para conseguirmos, por exemplo, combater o racismo ou a homofobia? Causas essas responsáveis por grande número de homicídios de jovens no Brasil. Quantas propagandas de cerveja se utilizam das mulheres como objetos e a colocam em posição de inferioridade e sob assédio sexuall? Quantos programas disponibilizam mecanismos de acessibilidade para que pessoas com deficiência tenham acesso aos seus conteúdos? Como denunciar programas de TV que criminalizam movimentos sociais e naturalizam a violência?
O caminho a seguir é encontrar mecanismos para qualificar militantes sociais e a movimentação de recursos necessários para que haja efetivamente, uma mídia que valorize e promova os direitos. Se não existe esta fiscalização por parte do Ministério das Comunicações é necessário que a sociedade se mobilize para o Código Brasileiro de Telecomunicações seja implementado e respeitado.