Comissão Municipal da Verdade será instalada em Joinville
A Comissão de Cidadania e Participação Popular da Câmara de Vereadores de Joinville aprovou nesta quarta-feira (04), a instalação da Comissão Municipal da Verdade. O projeto de lei ainda será submetido à Comissão de Legislação e, posteriormente, ao plenário.
A Comissão Municipal da Verdade será composta por representantes do Executivo e Legislativo Municipal, bem como pelo Centro de Direitos Humanos de Joinville Maria da Graça Bráz (CDH), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Joinville) e UNIVILLE. O trabalho da Comissão consistirá na tomada de depoimentos daqueles que sofreram com a repressão instituída pela ditadura militar e a coleta de documentos necessários ao esclarecimento de fatos ainda desconhecidos por boa parte da sociedade.
O material será encaminhado para a Comissão Estadual da Verdade até novembro deste ano, quando a Comissão encerrará os seus trabalhos. Independentemente do prazo, o CDH entende que após a coleta do material pela Comissão, a pesquisa e o debate sobre a ditadura em Joinville deverá prosseguir no sentido de recuperar a memória da cidade durante aquele período.
Muitos fatos relacionados a história local ainda não foram esclarecidos e isso em muito contribui para uma falta de cultura em Direitos Humanos. O CDH permanece atento para que a Comissão Municipal seja instalada o quanto antes para que logo inicie os seus trabalhos.
Comissão Estadual da Verdade
Neste mesmo dia foi realizada na Câmara de Vereadores uma audiência pública da Comissão Estadual da Verdade, onde foram colhidos vários depoimentos de ex presos políticos e seus familiares perseguidos pela ditadura na região norte do Estado. Os relatos revelam uma parte da história ainda pouco conhecida em Joinville e região.
Na última segunda-feira (02), em audiência realizada pela CEV na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, foi apresentado o laudo pericial que confirmou o homicídio do ex-prefeito de Balneário Camboriú, Higino João Pio. O então prefeito em pleno exercício do mandato, no ano de 1969 foi conduzido pela Polícia Federal até a Escola de Aprendizes de Marinheiros em Florianópolis para prestar depoimento e lá ficou detido.
Dias após a família foi comunicada que Higino João Pio cometeu suicídio na prisão. Esta farsa perdurou por quarenta e cinco anos e somente agora a versão oficial é desmentida. Isso demonstra a importância do trabalho realizado pelas Comissões da Verdade, no sentido de resgatar o direito à memória e à verdade usurpado pelo golpe de 1964.